O homem e a mulher de todos os
tempos experimentam uma grande dificuldade: como conciliar entre si a divina
Providência, a solicitude paterna de Deus pelo mundo criado e a realidade do
mau e do sofrimento experimentada em diversos modos pelos homens? Ante esta
dificuldade expressamos a Deus tantos interrogativos críticos porque realmente
nos custa entender. Alguns chegam até a duvidar da existência de Deus por este
motivo.
O único modo adequado de encontrar uma
resposta a este difícil interrogativo é buscá-lo nas páginas da Sagrada
Escritura.
Antes de nada, temos que fazer
uma importante distinção. Existem dois tipos de mau: o mau moral, que comporta
uma culpa porque depende da livre vontade do homem e será sempre um mal de tipo
espiritual. O segundo é o mau físico, que não inclui necessariamente e
diretamente a vontade do homem. Às vezes, também podem ser causados pela
ignorância ou falta de cautela por parte do homem. Existem alguns males físicos
que sucedem independentemente do querer humano como os desastres naturais e,
tão triste, as doenças somáticas e psíquicas.
Como conciliar o sofrimento, essa experiência
do mal que sentimos, com a solicitude paterna de Deus? Será que Deus realmente
não quer o mal? Se Ele permite o mal, pode-se crer que Deus seja amor? Ele é
onipotente para vencer e sobrepor-se ao mal?
Não é fácil dar uma resposta. Somente a
Palavra de Deus pode nos iluminar. Diz o livro da Sabedoria: “contra a
Sabedoria o mal não prevalece” (7,30). Diante do mau, o Antigo Testamento dá
testemunho que por encima sempre está a Sabedoria (Deus mesmo) e a bondade do
Pai. Esta mesma atitude se desenvolve no livro de Jó, onde dá a entender a
caducidade das coisas temporais que são contingentes, passageiras, corrutíveis.
Deus não quer o mau, mas o permite sempre para
um bem maior. Diz ainda o livro da Sabedoria: “Deus não é o autor da morte, a
perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência”
(1,13-14). Explicando esta passagem, o Papa João Paulo II dizia: “os seres
materiais somos corrutíveis e padecemos a morte, faz parte da nossa natureza de
criaturas”. Que significado mais profundo tem a existência como diz aqui a
Sabedoria? Aquela existência na eternidade.
Referente ao mau moral, ou seja, o pecado e a
culpa nas diversas formas de males, Deus decisivamente e absolutamente não o
quer. Ele poderia interferir? Poderia, porque é onipotente. Mas não o faz
porque respeita a nossa liberdade. A existência de seres livres é para Deus um
valor mais importante, ainda que infelizmente estes seres possam usar mal a sua
liberdade.
Como reage Deus diante do mau? Deus reage de
muitas e diferentes formas como diferentes são os seus filhos, porque Ele sabe
o que mais nos convém. Deus sempre tira dos males um bem maior. Talvez não o
percebemos, pode ser um bem espiritual para a eternidade. Ao fazer um mau Deus
não castiga, mas dá ainda mais bens, mais amor. Essa é a pedagogia divina. E
atua com misericórdia, que significa que nos dá o que não merecemos. Não
merecemos o seu perdão, tantos dons e mesmo assim, Ele dá porque nos ama.
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